Como os designers podem se preparar para o futuro?
No mês passado, tive a oportunidade de participar do CSS Day em Amsterdã, um evento de dois dias dividido entre um "dia de UI" focando na interseção de design e desenvolvimento e um "dia de CSS", com palestrantes que abordaram tópicos técnicos de CSS mais aprofundados. As palestras foram tão diversas quanto o histórico dos próprios palestrantes, mas havia um fio condutor comum: Nesta era de mudanças rápidas, estamos nós, como pessoas de produto, equipados para projetar para automação, aprendizado de máquina e IA?
O que a automação significa para os designers?
É difícil trabalhar em uma equipe de produto que não automatizou alguma parte de seu fluxo de trabalho em nome da produtividade. Se as máquinas podem cuidar das tarefas repetitivas e do trabalho pesado, os designers podem se concentrar em fazer um trabalho mais significativo. Mas como isso afeta a maneira como usamos o trabalho criado pelas máquinas?
Josh Clark, fundador do estúdio de design Big Medium, provocou o público com essa pergunta durante sua palestra, ‘A.I. é seu Novo Material de Design’. Alguns dos avanços mais impressionantes na tecnologia recente são coisas como reconhecimento facial, texto preditivo e busca por imagem, todos impulsionados por aprendizado de máquina. Mas é importante lembrar—todas essas tecnologias ainda são construídas sobre código. O lado positivo é menos espaço para erro. Nenhuma emoção real, expectativas ou sentimentos atrapalham o trabalho para o qual foi projetado.
No entanto, como humanos, presumimos que quando o reconhecimento facial falha, todo o processo é inerentemente falho. Mas foi realmente?
Segundo Josh, essa é a coisa mais fundamental a se entender quando se trata de máquinas. Não atender às nossas expectativas humanas não torna automaticamente a tecnologia em si uma falha. Essas coisas foram, por definição, construídas sobre lógica, o que levanta a questão: A solução de um robô realmente pode estar errada?
O objetivo de introduzir aprendizado de máquina em nossos produtos nunca foi fazê-los realizar todo o trabalho. Em vez disso, algoritmos e soluções baseadas em lógica devem apenas fornecer aos humanos melhores insights para que possamos chegar a melhores soluções, mais rápido.
Esse entendimento fundamental de nossos usuários realmente nos ajuda a criar produtos melhores. Este pode ser um exemplo simples, mas se um computador consegue descobrir como andar por conta própria, talvez seja hora de começar a investigar por que e como essas soluções foram formadas.
Como projetamos para o futuro desconhecido?
Jared Spool, cofundador da UIE, pergunta: “Qual foi a coisa mais importante que você aprendeu ontem, e como isso afetará o que você faz no futuro?”
Como designers e pesquisadores, precisamos sempre pensar em como projetamos produtos para o futuro, mesmo enquanto atendemos às demandas do design contemporâneo. Uma tarefa difícil, especialmente quando as coisas se movem tão rapidamente como têm feito na última década.
Para começar, Jared defende olhar para trás nas maneiras como nossos processos de design já mudaram.
Lembra quando UX/UI não era uma prioridade para muitas empresas? Como consultor durante um período em que a Internet ainda não havia atingido apelo de massa, Jared conseguiu guiar muitas empresas para uma mentalidade que considerava a experiência do usuário de um produto.
Mas isso também nos permite obter insights sobre como UX e UI se apresentaram ao longo dos anos, o que pode nos dar uma ideia melhor de como esses conceitos se parecerão no futuro. Jared descreve um termo chamado "O Ponto de Inflexão da UX", com ótimos passos acionáveis sobre como chegar lá.
No passado, os designers tinham que lutar por um assento à mesa. Se hoje você não está começando a partir de um lugar de defesa pela experiência do usuário (como eles estavam há 10 anos), provavelmente não estão começando naquele ponto de inflexão. Como resultado, os designers ainda têm que garantir que o papel da UX amadureça dentro da empresa, assim como a compreensão do que torna a UX importante. Quando uma organização atinge a última fase, e abraça totalmente o design de UX em tudo que a empresa faz, eles atingem plenamente O Ponto de Inflexão da UX.
Estamos projetando para os usuários ou para nós mesmos?
As pessoas nem sempre sabem o que querem, mesmo que pensem que sabem. Como diz Joe Leech, um psicólogo de UX, "As pessoas querem mais opções, mas não conseguem lidar com elas."
Então, como projetamos para nossos usuários, se nossos usuários nem sempre estão nos dizendo a verdade? Esta é uma das perguntas mais importantes, e algo que uma extensa pesquisa de UX nos ajuda a alcançar.
Nos anos 2000, as psicólogas Sheena Iyengar e Mark Lepper conduziram um estudo sobre escolhas do consumidor. Elas foram a um supermercado local e instruíram a loja a vender apenas 6 variedades de geleia em uma semana, seguidas por 30 variedades na semana seguinte.
Elas realizaram um estudo sobre quanto de geleia foi vendido, e para surpresa de todos, mais geleia foi vendida na semana com apenas 6 opções. Mas, curiosamente, quando os consumidores foram perguntados qual semana preferiam mais, eles responderam com a semana que teve 30 opções.
Usando essa analogia, Joe faz um ponto que é difícil de contestar: “Um designer que não entende psicologia vai ser mais bem-sucedido do que um arquiteto que não entende física".
A pesquisa de usuários, e uma ampla variedade dela, ajuda as equipes a chegarem o mais perto possível da raiz das necessidades de um usuário, mais do que seus desejos. Estudar respostas em uma escala maior dá mais trabalho, mas ajuda a formar a base para uma verdadeira UX.

